sexta-feira, 29 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Recordo

Curioso como reactamos contactos deixados para trás. Certo que é um lugar-comum mas, estou perdoado.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

...

http://news.yahoo.com/s/ap/20090406/ap_on_re_mi_ea/ml_israel_palestinians;_ylt=AotHeVzBdv_Ln1p0aZAWIMNvaA8F

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

2009 cheio de beijos, and then some.

Penso que todos nos, nomeadamente os rapazes em novos, nutrem uma certa curiosidade por epocas como a Idade Medieval, particularmente os periodos crus de capa e espada, crusadas e usurpaçao. Lembro-me do tremendo extase em agredir o meu irmao com replicas pouco convincentes de armas brancas made in china. Em relaçao ao caos medieval, este genero de modelo proto-civilizacional permitia a fulanos usurpar de sicranos, como sistema plausivel e licito.

O registo de que considero, na minha pesada ignorancia, primordial cronologicamente, e o de Shylock, em O Mercador de Veneza de Shakespeare. Perto de 1600 W.S. relata-nos a cronica de um homem que emprestava dinheiro em troco de um pedaço de carne de Antonio (mais tarde interpretado por Jeremy Irons com os seus olhos de carneiro mal-morto). Tanto quanto sei, considera-se esta a premissa do emprestimo a juros. Este processo economico sistematizado repete-se, na historia ate chegar aos nossos dias como a base da economia mundial. E tambem graças ao juro que existem mais pobres que ricos, que a hierarquia se infiltra no nosso meio, separando a nossa favela da cidade reluzente la em baixo.

Hoje em dia, consideramos nao viver na epoca medieval, nem no periodo iluminista ou barroco taopouco. A verdade e que a historia se vai repetindo e casos de quem teve de dar uma ou duas libras da sua carne para pagar um emprestimo, nao sao incomuns. Penso que a maior diferença entre Antonio e o portugues comum de hoje em dia sera a casa e o carro ao inves da libra de carne.

Afinal, sera que andam por ai alguns Shylocks dissimulados, entre nos, de fato e gravata talvez?
Ora bolas, pensava que ja estavamos na fase seguinte. Se bem que, fatalisticamente regurgitando, estamos agora nessa mesma fase seguinte. De uma maneira ou de outra, vou amolar a espada que comprei, na loja dos chineses aqui perto, nao va o diabo tece-las; Nunca se sabe.


"And by our holy Sabbath have I sworn
To have the due and forfeit of my bond:
If you deny it, let the danger light
Upon your charter and your city's freedom."

The Merchant of Venice, W.S.


PS. Com um grande beijo meu e votos de bom ano de 2009 a quem se mascara de Barack Obama, Bushs, Naçoes Unidas e Israel :)***

PS. Se for pulverizado por rockets e so sobrarem alguns dedos meus, ja nao brinco convosco.

PS. Peço desculpa pela falta de acentuaçao mas o meu teclado constipou-se.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

projecto

http://blivebeatology.glueserv.co.uk/index.html
Foi lançado hoje na "germany".

Divirtam-se, ehe.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

sugestão

Acho esta discussão interessante:
http://www.imdb.com/title/tt0854678/board/nest/99202303?d=99202303&p=1#99202303

Esta ignorância grotesca é o que mais me rala, não se reconhecem as palavras dos loucos maquiavéis (com caixa baixa) nas propensões políticas dos dominantes.
Tenho imensa pena desta gente toda, tanto das vítimas como dos agressores que chafurdam na sua própria intrínseca inferioridade.

A gravidade não reside, no entanto, na invasão actual, na violação como meio, mas sim na fatalidade residente na impossibilidade da reeducação global. Somos uma espécie condenada a um empobrecimento autoflagelante, no mínimo, e num prisma menos positivo, à extinção, ou à invalidação total do nosso desenvolvimento.

Se fosse do Greenpeace diria Ainda bem, como não, nem gosto de football, vou à janela.

domingo, 28 de setembro de 2008

Arterial


Conhecia todas as linhas da tua palma, e os baixos relevos das tuas mãos, a maneira como valsam com as minhas. Uma outra vez pensei nos anos durante os quais te conheci, profundamente, sem saber o teu nome.
Noutro dia num sítio qualquer apercebi-me de mim. De ti em mim, ou do teu joelho de encontro ao meu afagando o latejar cá dentro. E rebenta-se, que remédio, embora agora pela primeira vez.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Quinze anos.

O senhor Paul Masvidal está de volta! Depois da tour de reunião de Cynic e ao fim de 15 anos, o grupo surge com Traced in the Air, um novo registo de originais para virar, de novo, tudo do avesso.



As promos já circulam por aí. Do que ouvi, a genialidade de Masvidal continua latente, patente e vincada até à raíz. Os mesmos Cynic que no wacken provocaram lágrimas entre alguns, plantam agora sorrisos.
Foi sublime a apresentação do quarteto, este ano. Num rasgo de humildade bem característica, Masvidal senta-se no chão, de pernas cruzadas a rir-se e a tocar para o público delirante. Acho curioso que se mantenham atitudes destas no meio de tanta bajulação. Lembro-me de ver algo semelhante há 7 ou 8 anos atrás da parte de Lars Mikael Akerfeldt de Opeth.

Traced in the air.. quero!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

água.

Por aí, ando ocupado. Pela primeira vez, muito ocupado. Anos e agora fluí assim.
Não sei porque só olho de relance, é tão natural ser assim. Não me apetece resistir às noites. Que se instalem, o embalo é demasiado precioso.
tenho sede.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

lindo.
parabéns

terça-feira, 12 de agosto de 2008

W:O:A 2008

Mais uma edição do Wacken, a quarta em que estive presente.
Como sempre foram dias excelentes em que conheci muita gente, vi muitas coisas boas e fiquei com ainda mais apetite para o próximo.



O início de dia fez-se como de costume na piscina local. Este ano talvez entre mil ou duas mil almas com a mesma ideia.



Este ano senti especialmente a alegria patente na cara das pessoas. O festival atingiu a lotação máxima e não irá crescer mais, feliz ou infelizmente, segundo declarações da equipa. o Wacken tem-se mantido à frente do resto dos festivais mundiais e é cada vez mais fácil encontrar gente de sítios como o México, China, Guatemala, Canadá, e outros que nem no Atlas se encontram.



Este ano sofremos apenas um pouco com o mau tempo. Eu, com a pressa, montei uma das tendas numa área menos cómoda, o que me levou a acordar todos os dias às 6 da manhã.
Como não podia deixar de ser, acordando tão cedo, a festa começa mais cedo. Rapidamente fiz amizade com a vodka GorbatchUV (!) e a fanta quente.

há registo visual disso às 07.58 da manhã mas não vou colocar isso aqui.
:p 2m 2009 o festival marca 20 anos de existência e a celebração vai ser massiva. Temos pena!

\o/

edit: estas fotos n são minhas.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

(Dis)tópico

Surgiu há cerca de 4, 5 anos uma vaga de filmes reincidentes em distopias, pós apocalípticas um bocado coladas aos filmes do Romero dos anos 70, ao Huxley, ao Orwell, ao W.Golding, ao cinema coreano...etc (que não se considere a ordem pela qual os referi por favor). Nela via-se a sociadade mergulhada numa catatónica quarentena que nos serve de cenário para a exploração do instinto humano básico versus o politicamente correcto. Falo, obviamente do que o Danny Boyle fez com 28 Days Later, o remake do Dawn of the dead e de uma catrefada de outros projectos que se colam a estes, ou mesmo o último do Sr. Neil Marshall. Lembro-me na altura de mencionar até que, o Ensaio sobre a cegueira tinha a mesma temática, o mesmo fulcro, só a circunstância variava.

Et voilá! O nosso amigo Meirelles decidiu pintar o Portugal de Saramago com a idiossincrasia e mise-en-scene hollywoodesca para rematar esta tal vaga, o que muito me agrada. Não venho com nada disto criticar o filme, pelo contrário, reparar que me agrada de facto que se explore o tema no cinema, por diversas razões.

(Nâo me vou prolongar nisto, tenho de ir tomar banho e pirar-me.)

Quem leu o Gordon Pym e ficou esfomeado quando sentiu que a história continuou para além da última página que o Poe nem sequer vive para escrever, quem se interessou pelo Battle Royale e por tudo o que mencionei acima, ficará curioso, de certo, em saber o que concluem estas novas aproximações ao objecto do caos social. Longe das rédeas dos estados antigos e das conjugações circunstânciais em que outrora o tema da distopia foi abordado, quem mergulhou nesta conjugação de ideias e hipóteses a certa altura da vida, ficará de certo curioso em saber como os novos artistas da sétima arte nos transmitirão as suas teorias.

Termino com 1 reparo a mim mesmo. Pensando melhor, talvez o N. Marshall não tenha uma visão global de sociedade confortavelmente omnisciente. Penso que a área dele se aperte mais em focos como tribos urbanas, medos comuns, lendas e coisas do género. Referi-o porque o admiro e porque de facto o último trabalho tem a ver com o tema deste post.
Ah, prefiro mesmo não ter de ler coisas como O livro é melhor etc. Existem fotografias belíssimas do Jimmy Hendrix e em nenhuma se ouve o feedback que lhe era tão característico como guitarrista. Um registo ou uma interpretação é isso e apenas isso, a não ser que se proponha a algo mais.

Pronto, vou tomar banho. Fica aqui a trailer do Blindness
Countdown para o wacken: um fim de semana virgula meio dia :D \o/

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Preciso de ajuda


(sim ele também mas..)
Preciso que algum de vocês me diga como criar uma secção naquelas colunas, que dê para organizar 1 texto por categoria. A ideia é conseguir colocar no blog uma treta por capítulos, que fique visível à direita.

à melhor explicação será atribuído um prémio que consiste numa série de DVDs dos quais já não gosto.
\o/

sábado, 12 de julho de 2008

Olhos de larica.

Pois é.. o verão anda aí e com ele, saiem das tocas as tias super modernas, giras e hiper-depiladas. Um gajo olha...

E por falar em modernice, já tenho razão para voltar a deixar crescer o cabelo:

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Censurado



Noite explêndida ontém: os meninos slayer, os iron maidens e tara perdida. O Sr. Bruce Dickinson a demonstrar que a idade só pesa a alguns. Como diz um amigo meu, grande bailarico, na companhia de amigos.
Quando tinha uns 14, 15 anos saltava em cima da cama ao som do Sr. Ribas e companhia. Ontém não havia cama, acertei num tipo sem querer. Riu-se.
*vénias*

segunda-feira, 7 de julho de 2008

"
(...)

Pero yo iré,
aunque un sol de alacranes me coma la sien.

Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

(...)"

FGLorca

Um fim de semana agradável, o do retorno, boas surpresas marcadas pela desmistificação dos labirintos, O Sol e a secura serena e condescendente do nosso interior.
Tenho picadas na cabeça.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Isto.



Nunca respondi objectivamente a nenhuma daquelas perguntas do género, qual é a tua banda preferida, qual é o teu clube.. mas quando me perguntarem se tenho uma música preferida, vou pensar nesta.

E não, não vou dizer qual é. Que importa?

domingo, 29 de junho de 2008

Irritação

Como acabei de dizer, sinto-me extremamente irritado. Estou há 4 ou 5 dias massivamente a trabalhar com material de um filme do qual não me convém escrever o nome por extenso mas do qual se poderá aceder à trailer aqui:
http://youtube.com/watch?v=ogBjxasdQR0
Irrita-me profundamente que um filme escroto destes seja objecto de tanto investimento e perda de tempo e recursos. Irrita-me que esterco deste sáia todos os anos, sempre na altura do verão mas acima de tudo irrita-me ter de passar tanta hora a olhar para o focinho nojento destes filhos da puta.
Há gente a quem deveria ter sido oferecida uma vasectomia ou 1 balázio de caçadeira, ou ambos, por qualquer ordem.

Claro que a arte tem de contemplar diversas esféras e targets sociais etc, não vou contradizer o Adorno e a malta dele, quando vejo merda de cão no chão não dou pontapés, contorno e olho em frente. Mas este é o género de dejecto cultural a que se submetem os miúdos hoje em dia, na esperança de diminuir a curiosidade por ver mamas ou filmes sobre a segunda guerra na TV. Antes os vissem.
Puta que pariu.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

memória de elefante

Há três anos vivia numa residência universitária, aqui no norte de Inglaterra. Era um rés do chão minado de miúdos de 17, 18 anos e as noites alternavam entre guerras de super-soakers cheias de cerveja e cozinhar bolos com hash de má qualidade. Estes eram oferecidos aos que estudavam e não bebiam, nem que isso significasse ambulâncias às duas da manhã e visitas ao tribunal académico.
As noitadas, eram portanto uma constante, nalgum dos quartos de dois metros quadrados que cada um ocupava. Lembro-me de ter cozinhado para um paquistanês, um queniano, um inglês e um cipriota. O queniano arrotou copiosa e demoradamente ao que o inglês, na sua insípida e intrínseca condição de britânico murmurou Isso não são maneiras à mesa. O cipriota riu-se, foi o meu companheiro durante o curso aqui, enquanto que o paquistanês rematou No país dele nem mesas têm.
De qualquer forma, não foi a altura mais deslumbrante da minha vida e pouco tempo depois aleijei-me. Dormi 11 noites sentado numa cadeira devido ao que, deduziram depois, ter sido uma lesão da pleura com que me contemplei a fazer exercício. As festas continuavam na mesma, óbviamente e certa noite iluminada por velas baratas, enchi a alcatifa de cera. Era uma alcatifa de um azul escuro, mas vivo e aquilo irritou-me profundamente. Mal me conseguia mexer, então saí e procurei as tipas da limpeza, explicando a situação. A que respondeu era uma senhora de uns quarenta e dois anos, bonita de cara e fisionomia um pouco massacrada pela função. Aprendi, contente, que a maneira mais fácil de absorver cera agarrada a tecidos era passá-la a ferro, por cima de um tipo qualquer de papel, que já me esqueci (edit: é papel pardo! (Obrigado Inês)). Observei-a, sentado na cadeira, aflito do tórax mas satisfeito. Foi bastante simpática.

E isto tudo para dizer que hoje ao sair do autocarro vi-a por dois segundos na rua, não me reconheceu.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

:)

"E graças a Starnina, ou a Uccello, ou a quem realmente pintou esse quadro, necessito com a máxima urgência que me abraces com uma violência razoável mas contundente e deixes em branco o conta-quilómetros do meu cérebro. Ou que o partas. Tenho prazer em comunicar-te que és muito bonito, Faulques. E estou nesse ponto exacto em que uma francesa passaria a tratar-te por tu, uma suíça tentaria averiguar quantos cartões de crédito trazes na carteira e uma norte-americana perguntaria se tens um preservativo."

Arturo Perez-Reverte

sábado, 21 de junho de 2008

corredores

Não sei quantas portas já abri e fechei, sei que são muitos corredores enleados - alvéolos estáticos de salas antigas, um vitoriano latente. Não sentes? Se reparares, quanto mais avançamos mais sentes as paredes abraçarem-te, sentes que a caminhada é feita em tapete vermelho, como nos filmes. E eu acho, e tu também, que os temos de percorrer todos. Estou a falar de mim e dos meus olhos, o tu sou eu e o monólogo contempla-te, mas tem de ser assim, é comigo e para mim que o desejo dos beijos brotou e vive. Tu também podes abrir os quartos de maçanetas gastas, não tenho chaves para eles todos e nem quero, confio plenamente na cadência das tuas escolhas.
Daqui a bocadinho o sol põe-se e de alguma forma o tempo vai embora, mas eu juro que não me importo de andar no escuro. Os gatos andam e não se queixam das vidas breves, portanto eu também não me lamento de nada. Vou andar por estes corredores o tempo que me apetecer, porque como já viste fazem sentir bem.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

excerto



Troquei umas palavras contigo e sorriste, contorcendo as pernas como um desenho animado da Warner com 40 anos num domingo de manhã quando a ressaca me forçava a ver televisao e bebericar expressos da nossa máquina de marca alemã. Disseste que me querias conhecer melhor, tinhas a sensação de que nos daríamos bem. Foi a ultima vez que concordei contigo.

Do despedimento do elogio

e reages assim ao elogio que te faço, as vibrações da longevidade das tuas pestanas, no encerro do despedimento que me proferes. longas e castrantes da magnitude por onde se estenderiam os teus olhos, rasgando a nobreza do teu rosto pálido. e os remates das maçãs do rosto, firmes e mães desse sorriso sincero tão verdadeiro e eterno enquanto durou. o costura rosada e marcada pelo sinalinho que te define a simetria do lábio superior afasta-se do beiço que se esconde em promessas de lascívia e aqueles (e tantos, lembras-te?) desarmes da minha líbido. porque te sai luz da boca, porque me encandeia os olhos e me fermenta a saliva por dentro e as seivas que não ficarão em mim, escorrerão pela tua timidez e polirão as nossas texturas nos pequenos combates. reages assim, com essa manifestação despreocupada, ameaçadoramente insconstante de acessos de escárnio ou vergonha? porque não sei e tens olhos de vidro, olhos de céu como te disse, serias o mar em q me afogava e foste mãe duas vezes da continuação dos meus sonhos. meninas gotas de chuva q se diluiram nas tuas e minhas lágrimas. desculpa. desculpa.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Gramata.

Em Seres, perto de Thessaloniki, falaram-me dos 4 mil anos de história da Grécia. Fiquei extremamente curioso sobre o conflito Turco e as incursões navais para proteger a Grécia. A maioria dos gregos não sabia ler e ficavam, portanto, incontactáveis quando saíam para o mar. Esta música tem muitos mais anos do que eu, e fala precisamente disso. Interpretada aqui pelo G. Dalaras. Enjoy.



sto pa kai stoxsanaleo
sto gialo min katebeis
ki o gialos kanei fourtouna
kai se parei kai diaveis

ki an me parei pou me paei
kato sta vathia nera
kano to kormi mou varka
ta herakia mou koupia
to mandili mou panaki
mbainobgaino sti steria

sto pa kai sto ksanaleo
mi mou grafeis grammata
giati grammata den ksero
kai me pianoun klamata

-

Acaba em algo como:

...
Disse-te um dia e volto a dizer
Não me escrevas cartas
Porque não sei ler
E quebro-me em lágrimas.

Saudades.

Cerca da noite

Há dois copos numa mesa, de pé, lado a lado - um lugar comum de calor. As duas bebidas ou nectares evaporam-se e ambos vapores abandonam os copos em percursos de hedonismo sinuoso em passadas de tempo.

Agora tocam-se com espasmódicos movimentos num tango de soslaio. Semelhante aos olhos daquele cabrão francês. Agora os dois violinos retomam e no refrão decadente as duas bebidas dissipam-se no ar e misturam-se com a rugosidade da tua pele.

E nós, e também eles os dois, ignoramos tudo isto, somos pares e digestões de dualidades breves e o que permanece numa página é a solidez resquícia da tinta odiosa.Adeus

Algo a ver com adeus

Somos péssimos com despedidas. Somos péssimos com despedidas porque sai-nos o tiro pela colatra, e ao invés de um adeus com a textura do cetim, traduzimos o nosso nervosismo em tiques, taques e onomatopeias de engasgos comprometedores. E eu não te sei dizer adeus tãopouco, não tenho maneira de saber se só existem os quilómetros entre nós ou outros espaços e outras distâncias que vão semeando este leve paludismo em mim. Só tu me podes dizer adeus. Só tu me podes dizer adeus. Só tu me podes dizer adeus porque és dona do meu sono e das minhas noites conquanto não seja a ti que abrace, mas sim a uma grande almofada que abraço e encolho e esmago até se parecer com o diâmetro da tua coxa...

Não me despeço porque tenho o teu corpo nos olhos e a tua pele na garganta e as tuas seivas na boca e tudo me escorre pelos lábios pelos braços e até às pontas dos dedos para te escrever assim, amor.

Zero, setenta e cinco

Era uma vez alguém que um dia pensou, Estou farto de não pertencer a sítio algum. Foi também dessa mesma vez que te disse que tinha gostado imenso de ti. Disse-o com uma extensão gástrica, metabolicamente exaustiva e pura. Lembro-me de que me falaste de tudo. Falaste até das asas dos galos.
O alguém pensa que Parece que sou mudo, tenho o estômago forrado de salivas que lubrificaram o que te disse em tempos. Mas um dia destes chego a ti, outra vez, rimo-nos sempre.É dezembro há muito tempo e agora o sol queima demasiado o chão lá fora. Vivemos todos em Dezembro mais do que nos é estritamente aprazível. Condescendentes. Para o ano, por esta altura, estarei enforcado de gravatas num escritório menos mau que o anterior, a pensar no mesmo. Daqui a um ano não sei de ti.

Raivas

A animosidade e as raivas brotam da nossa indigestão das coisas. Nascem por nos entregarmos às cólicas. Jà a compreensão traduz um igualar de antagonias precoces. Entender, leva inevitavelmente a aceitar, e conferir harmonia à diferença e desentendimento.Por tal, considero a raiva uma menosvalia do espectro emocional - o nosso espectro emocional. Resta sublinhar-lhe o carácter pouco nobre no meio de uma grandiosa aristocracia de invisibilidades.

Debaixo

Está debaixo da cama há duas horas, talvez mais. Agora não pode sair, senão, apanham-no. Não interessa ter-se portado bem, hoje nem fez os trabalhos. Tem de ficar exposto ao escuro mais algum tempo, o escuro que lhe empalidece a derme. Nessa, abriu uma boca nova, mais uma que se silencia. Esta nova morde-se, trazendo uma dor quente à perna.Pior que o escuro é não haver mais ninguém debaixo da cama. Seria mais fácil enfrentá-lo de mãos dadas. Mas ele tem-nas fortes, decididas, de dedos nodosos que um dia demorarão a decomporem-se. Olhando de relance, detemo-nos no seu sorriso contagiante. Claro que não o vemos sorrir porque sabemos que soluça por dentro. Diz-se ter uma aura que combate o breu.Da crença em outros demónios, infere-se que este, criança, possui uma carcassa musculada. Inalterável pelas horas, chega a alimentar-se do gradual colapso do organismo pela fome. Nem está muito frio debaixo da cama, acho que vai permanecer lá. Só mais uma hora.

De algo mais

E eis que os sinos dobram. Nós escondemo-nos também, atrás de uma outra qualquer moita, travando uma guerra que não é nossa. Vulgo em guerra as batalhas da mente, particularmente a incansável e inalcansável fuga da solidão – a calma, essa só se atinge pela honestidade de cada um consigo.São dois os gumes deste golpe, um aceitamos, o outro é-nos imperativo. Sobre o primeiro, não me cansaria de sublinhar a maisvalia condescendente do conformismo. Bravos são os reaccionários – à nossa covardia não se atribuem medalhas.

Papéis soltos

Às vezes não somos de vidro querida, não transparecemos a fragilidade dos serviços estáticos numa mesa posta de linho branco. A ordem das coisas pela mão rude de quem não a deseja impor. Somos de outra coisa que não é vidro e somos urnas onde o ar descansa de quando em vez num percurso cíclico de Hades imaterial. O reflexo acode ao vidro, dá-lhe consistência, benesse indulgente.

Do mercúrio

Devaneios saem de nós sem regra mas a tua cor cheira-me à cadência do Sim. Loucuras são águas revoltas de opacidade, da turvidade indigerível que tu, cúmplice, nadas também. Eu beijo-te os pulsos magoados de algemas e há eternidade nisso sim. Vais sentir-me a boca, talvez, já depois dos sulcos sararem.

A última coisa que vi, antes de a ver.
Sinto que a estética de Liverpool luta com a sintaxe mediática para se fazer notar, sobrepor à caspa incómoda do que é relatado nos jornais. É extensa, agradável e violentável pela desatenção.
Foi também a primeira vez que saí para a rua com a canon, propositadamente, para lhe dar uso. 5 horas com ela na mão - talvez soe mal.
Mas soube bem.

Sejo bem vindo.

Bem vindo a mim, de mim.
Há dias perguntaram-me Onde vais? Respondi À merda.
- Com quem? Comigo, respondi, Tenho imensas coisas para me dizer.
E é verdade, costumo ter conversas comigo próprio. Acho que a circunstância dos anos assim o delimita, ou melhor, o compõe, uma psique, ou um ego fermenta num processo construtivo, penso eu.

Este blog documenta isso e vai servir também para corrigir os textos do meu fólio, que se conspurcam incessantemente em charcos de ortografia pobre, ajudas-me Lúcia? Lena. E é para vocês também, sei que falo estranho e assim será mais fácil estarmos perto.

Olá.