sábado, 21 de junho de 2008

corredores

Não sei quantas portas já abri e fechei, sei que são muitos corredores enleados - alvéolos estáticos de salas antigas, um vitoriano latente. Não sentes? Se reparares, quanto mais avançamos mais sentes as paredes abraçarem-te, sentes que a caminhada é feita em tapete vermelho, como nos filmes. E eu acho, e tu também, que os temos de percorrer todos. Estou a falar de mim e dos meus olhos, o tu sou eu e o monólogo contempla-te, mas tem de ser assim, é comigo e para mim que o desejo dos beijos brotou e vive. Tu também podes abrir os quartos de maçanetas gastas, não tenho chaves para eles todos e nem quero, confio plenamente na cadência das tuas escolhas.
Daqui a bocadinho o sol põe-se e de alguma forma o tempo vai embora, mas eu juro que não me importo de andar no escuro. Os gatos andam e não se queixam das vidas breves, portanto eu também não me lamento de nada. Vou andar por estes corredores o tempo que me apetecer, porque como já viste fazem sentir bem.